o gajo k n tem juízo nenhum!

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Volto a escrever, após algum tempo de ausência.

não é que escreva muito, escrevo quando me apecetece ou quando não tenho mais nada para fazer; mas, enfim, quando não tenho mais nada para fazer, também faço outras coisas para não estar sem fazer nada quando não tenho mais nada a fazer, ou não…

as ausências doem sempre, porém possibilitam os reecontros…, um lugar-comum, enfim…

E dos reencontros eu gosto!

comigo, contigo, consigo,

ou talvez não…

pode não haver tempo, ou talvez…

o que importa é estar de volta.

Contaram-me hoje uma história bem catita:

Parece que nos anos 50 do séc. XX, havia em Vale de Canas um homem que tinha uma daquelas vendas que então existiam em qualquer recanto do Portugal, daquelas que numa porta era a mercearia e na outra a taberna. Este taberneiro, fiel ao seu trabalho, era conhecido pela assiduidade na abertura das portas do seu estaminé, até que lhe morreu o seu maior amigo.

Ora, para não faltar à despedida do seu amigo, o nosso taberneiro, informando a sua freguesia, deixou à porta da tasca um cartaz, feito de caixa de sapatos, com os seguintes dizeres:

” Por motivos de encerradura, hoje não há aviação.”

Chove…
a cada passa
cabe a imortalidade
do momento
entre o antes e o depois.

Caberá o mundo
nesse instante de tempo?
e a terra? e os planetas?
e tudo aquilo que conhecemos?
e tudo aquilo que ignoramos?
e deus e pátria e família…
e fado e futebol e fátima…
a bem da nação
liberté, fraternité et egálité
e máquinas e computadores
e missões no espaço, nas torres gémeas,
ou no Iraque…
e o Bush aos beijos ao Saddam
uma pausa para um recado,
e a insulina e o frigorífico
(que lhe digam pra não esquecer),
e o universo todo e mais algum,
pois dizem continuar crescendo
até onde não mais termina,
termine ali, no novelo que se desenrola
da solidez inexorável do cachimbo,
ouve-se borbulhar a água,
começado e acabado
no mesmo instante

… sim… cabe!

  com um agredecimento ao Seco pelos ajustes estóficos que propôs

Escrevo estas linhas, depois de me terem renovado um convite nesse sentido, feito há alguns anos; demorei algum tempo, talvez o necessário para deixar assentar algumas ideias, para que pudessem amadurecer à luz da experiência prática que nos é trazida pelo dia-a-dia, com relações sociais em todos os sentidos.
O Homem, dada a sua natureza, tem, atrever-me-ei a dizer, apenas três tipos de necessidades básicas à sua sobrevivência, que, ao mesmo tempo, são fisiológicas; necessidades essas que requerem acção consciente e muitas vezes social para serem cumpridas (contrapondo, a respiração é um reflexo autónomo, inconsciente e automático): a necessidade de comer e de beber (bem como a da evacuação dos seus restos), a necessidade de dormir e, por fim, a necessidade de reproduzir o seu código genético numa nova geração.
Além desta categoria, há um outro conjunto de necessidades muito importantes, como sejam a necessidade de conforto (na qual podemos incluir a necessidade de protecção contra os elementos naturais), a necessidade de afecto, a necessidade de estabelecer relações sociais, entre outras…
Porém o Homem, na sua tentativa de dar cumprimento às suas necessidades enquanto indivíduo, vê-se obrigado a enquadrar-se na sociedade; e que sociedade essa…! a nossa! Plena de valores, de hipocrisia e de preconceitos, que promete tudo e mais qualquer coisa em troca da LIBERDADE, da nossa liberdade individual.
Em troca da nossa liberdade, esta sociedade dá-nos a nossa dosezita individual de sal, que nos permite sobreviver, ou seja, cumprir as necessidades fisiológicas essenciais e almejar pela posse de uma data de bens supérfluos, as necessidades acessórias, que nos tolhem a nossa consciência colectiva.
Todos gordos, sentados na poltrona real da estupidez, feitos basbaques a olharmos para a televisão na vã esperança de sonharmos os sonhos que aí são anunciados.
– Quero mais! – diremos entre dois boçais e valentes arrotos da acomodação que nos subjugou.
– Queres mais!? Mais o quê? Mais quantas quilotoneladas de merdas que vão suprir necessidades que nunca tiveste, foram-te induzidas pelo sistema todo-poderoso da falácia mercanto-imperialo-capitalista, pronto, pronto, não chora!… foram-te ao cu e não te pagaram… És feliz?…
O Homem, neste estágio, talvez, não seja feliz, é um privilegiado que vê as suas necessidades individuais ultrapassadas e sente-se cómodo…e é tão fácil acomodarmo-nos às coisas… depois… depois há que preservar esta situação a todo o custo, já que nos sentimos bem, começamos a mentir, tornamo-nos hipócritas e continuamos a reproduzir um conjunto de valores, nos quais, no fundo, nunca acreditámos.
Enquanto isto, morreram mais não sei quantos milhões de pessoas na guerra, com fome e nasceu mais uma megatonelada de injustiças e atrocidades praticadas quotidianamente.
– Fizemos alguma coisa para as alterar?
– Não, ‘tou-me a cagar pr’éssas merdas comunóides!
– Pois, pois… ‘tou-te a ver, prepara-te para fugir quando chegarem as novas hordas de bárbaros excluídos da nossa e de outras sociedades aos muros do teu imperiozito romano-ocidental-consumista, até vivo te comem se te apanharem, sabes porquê? Porque na ânsia de preservares as tuas regalias inventaste códigos de conduta, sistemas de valores e mais não sei o quê que eles não respeitarão, uns porque traídos pelo sistema, outros por nunca o terem chegado a conhecer: Comem-te vivo! – Sabes porquê? Eles estão mais aptos para a sobrevivência que tu: foram à luta…
Só poderás ter a certeza que eles respeitarão a tua existência quando tiverem as mesmas oportunidades que tiveste, dito de outra forma, só quando todos os homens tiverem as suas necessidades básicas supridas, é que poderemos avançar na construção de uma nova sociedade.
Por isso, se faz favor, deixa-te de merdas, deixa-te incomodar, reage, sai da letargia que se apossou de ti, vai à procura dos teus sonhos, dos teus verdadeiros sonhos, não daqueles que a televisão passou para ti. Se formos muitos, construir um Mundo Novo, será tão, tão mais fácil…

A. H. das Neves

 

 

*Publicado originalmente em www.osbarbaros.org

O Sol
A merda do telemóvel toca… é manhã cedo, mais precisamente, são sete da manhã: uhmm, ahhhh, o gajo pega no telemóvel que jaz ao lado do sofá, desligando-o, o televisor continua aceso, emite um daqueles programas da manhã com o trânsito, o tempo e as notícias quentinhas acabadas de cozer; nada disto lhe interessa. Vira-se para para o outro lado, entretanto, entra alguém na sala: são sete da manhã, dispara a sua irmã, enquanto sai.O telemóvel, tornou a tocar, uma e outra vez, repetidamente, todos os dez minutos, o procedimento era invariavelmente o mesmo: desligar. O telemóvel toca mais uma vez, desta vez o gajo viu as horas, 8:00, merda, já não há grande tempo; entretanto já alguém se enfiara na casa de banho, continuva o programa de trânsito, as coisas não estão melhores em Bessa Leite, o trânsito está parado, era o som que saía do quadrado que mostrava uma estrada, daquelas com muitas faixas e pontes e nós, completamente entulhada de carros.- Está claro que hoje, banho, piu! – pensa o gajo, enquanto se dirige para o quarto em busca de uma t-shirt e de umas peúgas.Sai de casa cheio de pressa sem tomar o pequeno almoço, deveria sair às oito e um quarto, já são oito e meia; aterra no café – bom dia, Arminda, um cafézinho, por favor – engole o café e o cigarro, foge para dentro do carro e segue viagem; apanha aquela estrada que está em terra batida porque resolveram alargá-la, são só dois quilómetros e é um atalho do caraças, vai atrás de uma carrinha de uma sociedade de canalizadores, a terra da estrada está ondeada, em especial naquela subida, fazendo saltitar o carro, a carrinha deixa o seu rasto de pó que se deposita no carro e lhe dificulta a visão, de repente, bate-lhe o sol baixo, não vê quase nada, circula devagar, olha para o relógio do carro: ora, foda-se, hoje entro meia hora mais tarde, merda!

A. H. das Neves


a música do gajo

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